A Tragédia do Terrazas e o Papel de Zaragoza em uma Revolução Mexicana Turbulenta

As batalhas da Revolução Mexicana reverberaram por todo o país, deixando cicatrizes profundas no tecido social e político mexicano. Um evento específico, a “Tragédia do Terrazas”, se destaca como um marco sombrio nesse período turbulento, revelando a intensidade da luta entre revolucionários e forças governamentais leais ao regime de Porfirio Díaz. A figura central nesse episódio trágico é o general Plutarco Elías Calles, um líder revolucionário pragmático que desempenhou um papel crucial na trajetória da Revolução Mexicana.

Antes de mergulharmos nos detalhes da “Tragédia do Terrazas”, é fundamental contextualizar a Revolução Mexicana e a posição de Calles dentro desse contexto complexo. O início do século XX viu o México em ebulição, com uma profunda insatisfação social se espalhando pelas camadas menos favorecidas da população.

A ditadura de Porfirio Díaz, que durou mais de três décadas, concentrava a riqueza nas mãos de poucos, enquanto a maioria vivia em condições miseráveis. As promessas de progresso e modernização de Díaz eram vistas com ceticismo pelos trabalhadores rurais e urbanos, que sofriam exploração e falta de oportunidades.

Plutarco Elías Calles, conhecido como “O General de Hierro”, emergiu nesse cenário turbulento como um líder carismático e ambicioso. Sua trajetória começou nas fileiras do exército mexicano, onde ascendeu rapidamente graças à sua inteligência estratégica e liderança firme. Calles reconheceu a crescente descontentamento popular e se juntou ao movimento revolucionário liderado por Francisco I. Madero em 1910.

O general Calles participou de diversas batalhas durante a Revolução Mexicana, consolidando sua reputação como um estrategista habilidoso e um comandante respeitado por suas tropas. Sua ascensão no movimento revolucionário o colocou face a face com outros líderes poderosos, como Pancho Villa e Emiliano Zapata, figuras icónicas da luta armada mexicana.

Entretanto, foi em Sonora, seu estado natal, que Calles se tornou uma figura de destaque. Após a queda de Díaz, Calles assumiu o governo de Sonora, demonstrando grande talento administrativo e implementando políticas populares que consolidaram sua base de apoio.

A “Tragédia do Terrazas” : Uma História de Traição e Violência

Em 1915, a Revolução Mexicana estava em um ponto crucial. As forças revolucionárias estavam fragmentadas, lutando entre si pelo poder e controle territorial. Francisco I. Madero havia sido assassinado por seus próprios aliados, intensificando o caos e a incerteza no país.

Plutarco Elías Calles liderava agora um grupo de revolucionários conhecidos como “Sonoranos”, que buscavam estabelecer uma nova ordem no México. Em meio a esse cenário político instável, Calles foi convidado a participar de um encontro crucial com o General Álvaro Obregón em Terrazas, Chihuahua.

O objetivo da reunião era formar uma aliança entre os Sonoranos e as forças de Obregón, que eram consideradas mais poderosas no Norte do México. O encontro, porém, se transformou em um evento trágico conhecido como a “Tragédia do Terrazas”. Durante a reunião, Calles foi surpreendido por um ataque liderado pelas tropas de Jesús María Gutiérrez, um general leal a Victoriano Huerta, o novo ditador mexicano que havia assumido o poder após o assassinato de Madero.

As Consequências da “Tragédia do Terrazas”

A “Tragédia do Terrazas” teve consequências devastadoras para Plutarco Elías Calles. Ele foi gravemente ferido durante o ataque e perdeu muitos de seus seguidores. O evento também intensificou a guerra civil mexicana, levando a uma escalada de violência e instabilidade. Apesar da tragédia, Calles sobreviveu e continuou lutando pela causa revolucionária.

A “Tragédia do Terrazas” foi um marco sombrio na vida de Plutarco Elías Calles, marcando-o profundamente e moldando seu destino político. Embora tenha sofrido uma derrota significativa nesse evento, Calles se levantou das cinzas e continuou a ser uma figura central na Revolução Mexicana, eventualmente governando o México como Presidente de 1924 a 1928.

O legado da “Tragédia do Terrazas” continua a fascinar historiadores até hoje, servindo como um lembrete da brutalidade da guerra civil mexicana e da complexa luta pelo poder que marcou o início do século XX no México.